quarta-feira, 30 de abril de 2008

Caso Isabela

Ontem, como de costume fui à um bar, este distante, diferente daqueles quais costumo frequentar.
Diante de poucas pessoas em sua parte interna, decidi dar uma volta pelas ruas ao redor, para me familiarizar com o local.
Vi quase nada, e do pouco de que vi, apenas o mínimo me interessou.
De certo ficar dentro do bar era mesmo uma idéia melhor, pensei. Já passava das 24h e eu me encontrava sozinho. O cheiro de fumaça e o aspecto sombrio, carrancudo que aquele lugar possuia me hipnotizava à ponto de não deixar-me levantar da cadeira e de não largar aquele maldito copo de vodka.
24h32. O tempo pareceu passar apenas no relogio, pois diante dos meus olhos a cena era imutável. Dois gordos com tacos de sinuca na mão, um barbudo de camisa suja que andava como se estivesse trajando um Armani, algumas mulheres de aparência tosca e é claro, eu .
Não me dêem crédito por lhes contar o que aconteceu, para mim, não é vergonha apresentar meus passos mais tortuosos por esses caminhos da vida.
24h56. Já chega. Aquilo não tinha mais um motivo racional, nunca teve. Precisava levantar-me e ir para a casa. Já havia colocado os pensamentos no lugar, já havia refletido sobre o que precisava. O próximo passo era levantar e sair. Foi quando aconteceu .
Não sei se era o efeito da bebida, ou minha fértil imaginação. Quem sabe a união das duas, em complô contra minha sensatêz. Não importa.
A luz, o brilho, a delicadeza, as asas, o olhar. Tudo perfeitamente distribuido em 1,60m de alva pele macia e cabelos negros, tal como o céu daquela noite. Seria mesmo um anjo?
Eu não sou religioso, porém desta vez, rezei para que ela não fosse um anjo, pois sabia que se fosse, jamais poderia lhe tocar.
Nunca me senti tão forte, corajoso e destemido. Aproximei-me com cautela , as asas que possuira desapareceram, seu brilho tornou-se menos intenso, mas nem por isso menos atraente . Tomei-me de uma sensação familiar. Era o anceio por algo de muito querer. A cada passo em sua direção, sua beleza tornava- se ainda tão mais estonteante, que ao me concentrar em tal, ignorei tudo ao seu redor. Não me perguntem se ela estava só ou acompanhada, pois de certo não me lembrarei.
Revestida por um traje que acentuava seus dotes fisicos, ela deslizava de um canto à outro do salão com uma leveza que apenas o olhar descreveria melhor que palavras tais.
Finalmente cheguei até ela. Diante de minha repentina aproximação consegui dominar seu olhar e sua atenção. E de maneira inevitável, como que se tomado por forças maiores, cometi o meu mais grave erro .... Falei com ela.

(Marazzo) Oi. [e um sorriso idiota me acompanha ]

( ? ) ... Oi.

(Marazzo) Oi ... [ Mas que diabos , você já não havia dito isso !?? ]

(?) Queria falar comigo ?

(Marazzo) Como você sabe ?

(?) É que você tava me olhando...

(Marazzo) Pra saber se eu estava te olhando, vc tinha que estar me olhando também.

(?) rs ..

(Marazzo) Na verdade eu queria sim ..queria saber teu nome .

(?) Isabela. [ e estende a mão ]

(Marazzo) Prazer Isabela , meu nome é Caio [pq não consigo me desvencilhar deste maldito sorriso no rosto !? ]

(Isabela) .....

(Marazzo) ...Tá sozinha ?

(Isabela) Tô esperando uns amigos cara.

Em pensamento digo-me: "fudeu".

(Marazzo) Ah tá ..é que é a primeira vez que eu venho aqui, vim sozinho e por conta disso ando meio deslocado, quando te vi chegar sem ninguém achei que tu podia me salvar . [genial]

(Isabela) rs..

(marazzo) Vamos jogar uma partida, a gente bebe alguma coisa e espera teus amigos q tal ?

(Isabela) Cara ...eu não jogo muito bem. Mas vamos lá...

[Continua ...]

domingo, 27 de abril de 2008

Rock Fest


Agradecendo a galera que marcou presença, fez barulho e cantou junto.

Peculiariadades do evento :

[BAR]
*Negão , Vino , Raphael e eu catando moedinhas de 10c pra pizza ( \0/ )

[N.U.L.O.S.]
*Guitarra do Dieguinho arrebenta a corda na primeira música.
*Caio sem retorno do vocal.
*Frango toca My Hero no inicio do show (ué..não era pra ser no fim ?? )
*Elias rouba a cena com seus solos de baixo
*Fã invade o palco e divide o microfone com o vocalista na musica My Hero ( essa foi d+ )

[FEIPA]
*Wallace tocando Xuxa
*Microfone fica ruim na hora do show do feipa.
*Vino conserta o microfone

[ZUMBI NACHOS]
*Vino canta Red Hot !


Muitos elogios e muito rock'n'roll ..show do caralho .
brigado e até a próxima.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Poe



O Gato Preto
Não espero nem peço que se dê crédito à história sumamente extraordinária e, no entanto, bastante doméstica que vou narrar. Louco seria eu se esperasse tal coisa, tratando-se de um caso que os meus próprios sentidos se negam a aceitar. Não obstante, não estou louco e, com toda a certeza, não sonho. Mas amanhã posso morrer e, por isso, gostaria, hoje, de aliviar o meu espírito. Meu propósito imediato é apresentar ao mundo, clara e sucintamente, mas sem comentários, uma série de simples acontecimentos domésticos. Devido a suas conseqüências, tais acontecimentos me aterrorizaram, torturaram e instruíram.
No entanto, não tentarei esclarecê-los. Em mim, quase não produziram outra coisa senão horror _ mas, em muitas pessoas, talvez lhes pareçam menos terríveis que grotesco. Talvez, mais tarde, haja alguma inteligência que reduza o meu fantasma a algo comum _ uma inteligência mais serena, mais lógica e muito menos excitável do que, a minha, que perceba, nas circunstâncias a que me refiro com terror, nada mais do que uma sucessão comum de causas e efeitos muito naturais.
Desde a infância, tomaram-se patentes a docilidade e o sentido humano de meu caráter. A ternura de meu coração era tão evidente, que me tomava alvo dos gracejos de meus companheiros. Gostava, especialmente, de animais, e meus pais me permitiam possuir grande variedade deles. Passava com eles quase todo o meu tempo, e jamais me sentia tão feliz como quando lhes dava de comer ou os acariciava. Com os anos, aumentou esta peculiaridade de meu caráter e, quando me tomei adulto, fiz dela uma das minhas principais fontes de prazer. Aos que já sentiram afeto por um cão fiel e sagaz, não preciso dar-me ao trabalho de explicar a natureza ou a intensidade da satisfação que se pode ter com isso. Há algo, no amor desinteressado, e capaz de sacrifícios, de um animal, que toca diretamente o coração daqueles que tiveram ocasiões freqüentes de comprovar a amizade mesquinha e a frágil fidelidade de um simples homem.
Casei cedo, e tive a sorte de encontrar em minha mulher disposição semelhante à minha. Notando o meu amor pelos animais domésticos, não perdia a oportunidade de arranjar as espécies mais agradáveis de bichos. Tínhamos pássaros, peixes dourados, um cão, coelhos, um macaquinho e um gato.
Este último era um animal extraordinariamente grande e belo, todo negro e de espantosa sagacidade. Ao referir-se à sua inteligência, minha mulher, que, no íntimo de seu coração, era um tanto supersticiosa, fazia freqüentes alusões à antiga crença popular de que todos os gatos pretos são feiticeiras disfarçadas. Não que ela se referisse seriamente a isso: menciono o fato apenas porque aconteceu lembrar-me disso neste momento.
Pluto _ assim se chamava o gato _ era o meu preferido, com o qual eu mais me distraía. Só eu o alimentava, e ele me seguia sempre pela casa. Tinha dificuldade, mesmo, em impedir que me acompanhasse pela rua.
Nossa amizade durou, desse modo, vários anos, durante os quais não só o meu caráter como o meu temperamento _ enrubesço ao confessá-lo _ sofreram, devido ao demônio da intemperança, uma modificação radical para pior. Tomava-me, dia a dia, mais taciturno, mais irritadiço, mais indiferente aos sentimentos dos outros. Sofria ao empregar linguagem desabrida ao dirigir-me à minha mulher. No fim, cheguei mesmo a tratá-la com violência. Meus animais, certamente, sentiam a mudança operada em meu caráter. Não apenas não lhes dava atenção alguma, como, ainda, os maltratava. Quanto a Pluto, porém, ainda despertava em mim consideração suficiente que me impedia de maltratá-lo, ao passo que não sentia escrúpulo algum em maltratar os coelhos, o macaco e mesmo o cão, quando, por acaso ou afeto, cruzavam em meu caminho. Meu mal, porém, ia tomando conta de mim _ que outro mal pode se comparar ao álcool? _ e, no fim, até Pluto, que começava agora a envelhecer e, por conseguinte, se tomara um tanto rabugento, até mesmo Pluto começou a sentir os efeitos de meu mau humor.
Certa noite, ao voltar a casa, muito embriagado, de uma de minhas andanças pela cidade, tive a impressão de que o gato evitava a minha presença. Apanhei-o, e ele, assustado ante a minha violência, me feriu a mão, levemente, com os dentes. Uma fúria demoníaca apoderou-se, instantaneamente, de mim. Já não sabia mais o que estava fazendo. Dir-se-ia que, súbito, minha alma abandonara o corpo, e uma perversidade mais do que diabólica, causada pela genebra, fez vibrar todas as fibras de meu ser.Tirei do bolso um canivete, abri-o, agarrei o pobre animal pela garganta e, friamente, arranquei de sua órbita um dos olhos! Enrubesço, estremeço, abraso-me de vergonha, ao referir-me, aqui, a essa abominável atrocidade.
Quando, com a chegada da manhã, voltei à razão _ dissipados já os vapores de minha orgia noturna, experimentei, pelo crime que praticara, um sentimento que era um misto de horror e remorso; mas não passou de um sentimento superficial e equívoco, pois minha alma permaneceu impassível. Mergulhei novamente em excessos, afogando logo no vinho a lembrança do que acontecera.
Entrementes, o gato se restabeleceu, lentamente. A órbita do olho perdido apresentava, é certo, um aspecto horrendo, mas não parecia mais sofrer qualquer dor. Passeava pela casa como de costume, mas, como bem se poderia esperar, fugia, tomado de extremo terror, à minha aproximação. Restava-me ainda o bastante de meu antigo coração para que, a princípio, sofresse com aquela evidente aversão por parte de um animal que, antes, me amara tanto. Mas esse sentimento logo se transformou em irritação. E, então, como para perder-me final e irremissivelmente, surgiu o espírito da perversidade. Desse espírito, a filosofia não toma conhecimento. Não obstante, tão certo como existe minha alma, creio que a perversidade é um dos impulsos primitivos do coração humano - uma das faculdades, ou sentimentos primários, que dirigem o caráter do homem. Quem não se viu, centenas de vezes, a cometer ações vis ou estúpidas, pela única razão de que sabia que não devia cometê-las? Acaso não sentimos uma inclinação constante mesmo quando estamos no melhor do nosso juízo, para violar aquilo que é lei, simplesmente porque a compreendemos como tal? Esse espírito de perversidade, digo eu, foi a causa de minha queda final. O vivo e insondável desejo da alma de atormentar-se a si mesma, de violentar sua própria natureza, de fazer o mal pelo próprio mal, foi o que me levou a continuar e, afinal, a levar a cabo o suplício que infligira ao inofensivo animal. Uma manhã, a sangue frio, meti-lhe um nó corredio em torno do pescoço e enforquei-o no galho de uma árvore. Fi-lo com os olhos cheios de lágrimas, com o coração transbordante do mais amargo remorso. Enforquei-o porque sabia que ele me amara, e porque reconhecia que não me dera motivo algum para que me voltasse contra ele. Enforquei-o porque sabia que estava cometendo um pecado _ um pecado mortal que comprometia a minha alma imortal, afastando-a, se é que isso era possível, da misericórdia infinita de um Deus infinitamente misericordioso e infinitamente terrível.
Na noite do dia em que foi cometida essa ação tão cruel, fui despertado pelo grito de "fogo!". As cortinas de minha cama estavam em chamas. Toda a casa ardia. Foi com grande dificuldade que minha mulher, uma criada e eu conseguimos escapar do incêndio. A destruição foi completa. Todos os meus bens terrenos foram tragados pelo fogo, e, desde então, me entreguei ao desespero.
Não pretendo estabelecer relação alguma entre causa e efeito - entre o desastre e a atrocidade por mim cometida. Mas estou descrevendo uma seqüência de fatos, e não desejo omitir nenhum dos elos dessa cadeia de acontecimentos. No dia seguinte ao do incêndio, visitei as ruínas. As paredes, com exceção de uma apenas, tinham desmoronado. Essa única exceção era constituída por um fino tabique interior, situado no meio da casa, junto ao qual se achava a cabeceira de minha cama. O reboco havia, aí, em grande parte, resistido à ação do fogo _ coisa que atribuí ao fato de ter sido ele construído recentemente. Densa multidão se reunira em torno dessa parede, e muitas pessoas examinavam, com particular atenção e minuciosidade, uma parte dela, As palavras "estranho!", "singular!", bem como outras expressões semelhantes, despertaram-me a curiosidade. Aproximei-me e vi, como se gravada em baixo-relevo sobre a superfície branca, a figura de um gato gigantesco. A imagem era de uma exatidão verdadeiramente maravilhosa. Havia uma corda em tomo do pescoço do animal.
Logo que vi tal aparição, pois não poderia considerar aquilo como sendo outra coisa, o assombro e terror que se me apoderaram foram extremos. Mas, finalmente, a reflexão veio em meu auxílio. O gato, lembrei-me, fora enforcado num jardim existente junto à casa. Aos gritos de alarma, o jardim fora imediatamente invadido pela multidão. Alguém deve ter retirado o animal da árvore, lançando-o, através de uma janela aberta, para dentro do meu quarto. Isso foi feito, provavelmente, com a intenção de despertar-me. A queda das outras paredes havia comprimido a vítima de minha crueldade no gesso recentemente colocado sobre a parede que permanecera de pé. A cal do muro, com as chamas e o amoníaco desprendido da carcaça, produzira a imagem tal qual eu agora a via.
Embora isso satisfizesse prontamente minha razão, não conseguia fazer o mesmo, de maneira completa, com minha consciência, pois o surpreendente fato que acabo de descrever não deixou de causar-me, apesar de tudo, profunda impressão. Durante meses, não pude livrar-me do fantasma do gato e, nesse espaço de tempo, nasceu em meu espírito uma espécie de sentimento que parecia remorso, embora não o fosse. Cheguei, mesmo, a lamentar a perda do animal e a procurar, nos sórdidos lugares que então freqüentava, outro bichano da mesma espécie e de aparência semelhante que pudesse substituí-lo.
Uma noite, em que me achava sentado, meio aturdido, num antro mais do que infame, tive a atenção despertada, subitamente, por um objeto negro que jazia no alto de um dos enormes barris, de genebra ou rum, que constituíam quase que o único mobiliário do recinto. Fazia já alguns minutos que olhava fixamente o alto do barril, e o que então me surpreendeu foi não ter visto antes o que havia sobre o mesmo. Aproximei-me e toquei-o com a mão. Era um gato preto, enorme _ tão grande quanto Pluto _ e que, sob todos os aspectos, salvo um, se assemelhava a ele. Pluto não tinha um único pêlo branco em todo o corpo _ e o bichano que ali estava possuía uma mancha larga e branca, embora de forma indefinida, a cobrir-lhe quase toda a região do peito.
Ao acariciar-lhe o dorso, ergueu-se imediatamente, ronronando com força e esfregando-se em minha mão, como se a minha atenção lhe causasse prazer. Era, pois, o animal que eu procurava. Apressei-me em propor ao dono a sua aquisição, mas este não manifestou interesse algum pelo felino. Não o conhecia; jamais o vira antes.
Continuei a acariciá-lo e, quando me dispunha a voltar para casa, o animal demonstrou disposição de acompanhar-me. Permiti que o fizesse _ detendo-me, de vez em quando, no caminho, para acariciá-lo. Ao chegar, sentiu-se imediatamente à vontade, como se pertencesse a casa, tomando-se, logo, um dos bichanos preferidos de minha mulher.
De minha parte, passei a sentir logo aversão por ele. Acontecia, pois, justamente o contrário do que eu esperava. Mas a verdade é que - não sei como nem por quê _ seu evidente amor por mim me desgostava e aborrecia. Lentamente, tais sentimentos de desgosto e fastio se converteram no mais amargo ódio. Evitava o animal. Uma sensação de vergonha, bem como a lembrança da crueldade que praticara, impediam-me de maltratá-lo fisicamente. Durante algumas semanas, não lhe bati nem pratiquei contra ele qualquer violência; mas, aos poucos - muito gradativamente _ , passei a sentir por ele inenarrável horror, fugindo, em silêncio, de sua odiosa presença, como se fugisse de uma peste.
Sem dúvida, o que aumentou o meu horror pelo animal foi a descoberta, na manhã do dia seguinte ao que o levei para casa, que, como Pluto, também havia sido privado de um dos olhos. Tal circunstância, porém, apenas contribuiu para que minha mulher sentisse por ele maior carinho, pois, como já disse, era dotada, em alto grau, dessa ternura de sentimentos que constituíra, em outros tempos, um de meus traços principais, bem como fonte de muitos de meus prazeres mais simples e puros.
No entanto, a preferência que o animal demonstrava pela minha pessoa parecia aumentar em razão direta da aversão que sentia por ele. Seguia-me os passos com uma pertinácia que dificilmente poderia fazer com que o leitor compreendesse. Sempre que me sentava, enrodilhava-se embaixo de minha cadeira, ou me saltava ao colo, cobrindo-me com suas odiosas carícias. Se me levantava para andar, metia-se-me entre as pernas e quase me derrubava, ou então, cravando suas longas e afiadas garras em minha roupa, subia por ela até o meu peito. Nessas ocasiões, embora tivesse ímpetos de matá-lo de um golpe, abstinha-me de fazê-lo devido, em parte, à lembrança de meu crime anterior, mas, sobretudo _ apresso-me a confessá-lo _ , pelo pavor extremo que o animal me despertava. Esse pavor não era exatamente um pavor de mal físico e, contudo, não saberia defini-lo de outra maneira. Quase me envergonha confessar _ sim, mesmo nesta cela de criminoso _ , quase me envergonha confessar que o terror e o pânico que o animal me inspirava eram aumentados por uma das mais puras fantasias que se possa imaginar. Minha mulher, mais de uma vez, me chamara a atenção para o aspecto da mancha branca a que já me referi, e que constituía a única diferença visível entre aquele estranho animal e o outro, que eu enforcara. O leitor, decerto, se lembrará de que aquele sinal, embora grande, tinha, a princípio, uma forma bastante indefinida. Mas, lentamente, de maneira quase imperceptível _ que a minha imaginação, durante muito tempo, lutou por rejeitar como fantasiosa _, adquirira, por fim, uma nitidez rigorosa de contornos. Era, agora, a imagem de um objeto cuja menção me faz tremer... E, sobretudo por isso, eu o encarava como a um monstro de horror e repugnância, do qual eu, se tivesse coragem, me teria livrado. Era agora, confesso, a imagem de uma coisa odiosa, abominável: a imagem da forca! Oh, lúgubre e terrível máquina de horror e de crime, de agonia e de morte!
Na verdade, naquele momento eu era um miserável _ um ser que ia além da própria miséria da humanidade. Era uma besta-fera, cujo irmão fora por mim desdenhosamente destruído... uma besta-fera que se engendrara em mim, homem feito à imagem do Deus Altíssimo. Oh, grande e insuportável infortúnio! Ai de mim! Nem de dia, nem de noite, conheceria jamais a bênção do descanso! Durante o dia, o animal não me deixava a sós um único momento; e, à noite, despertava de hora em hora, tomado do indescritível terror de sentir o hálito quente da coisa sobre o meu rosto, e o seu enorme peso _ encarnação de um pesadelo que não podia afastar de mim _ pousado eternamente sobre o meu coração!
Sob a pressão de tais tormentos, sucumbiu o pouco que restava em mim de bom. Pensamentos maus converteram-se em meus únicos companheiros _ os mais sombrios e os mais perversos dos pensamentos. Minha rabugice habitual se transformou em ódio por todas as coisas e por toda a humanidade _ e enquanto eu, agora, me entregava cegamente a súbitos, freqüentes e irreprimíveis acessos de cólera, minha mulher - pobre dela! - não se queixava nunca convertendo-se na mais paciente e sofredora das vítimas.
Um dia, acompanhou-me, para ajudar-me numa das tarefas domésticas, até o porão do velho edifício em que nossa pobreza nos obrigava a morar, O gato seguiu-nos e, quase fazendo-me rolar escada abaixo, me exasperou a ponto de perder o juízo. Apanhando uma machadinha e esquecendo o terror pueril que até então contivera minha mão, dirigi ao animal um golpe que teria sido mortal, se atingisse o alvo. Mas minha mulher segurou-me o braço, detendo o golpe. Tomado, então, de fúria demoníaca, livrei o braço do obstáculo que o detinha e cravei-lhe a machadinha no cérebro. Minha mulher caiu morta instantaneamente, sem lançar um gemido.
Realizado o terrível assassínio, procurei, movido por súbita resolução, esconder o corpo. Sabia que não poderia retirá-lo da casa, nem de dia nem de noite, sem correr o risco de ser visto pelos vizinhos.
Ocorreram-me vários planos. Pensei, por um instante, em cortar o corpo em pequenos pedaços e destruí-los por meio do fogo. Resolvi, depois, cavar uma fossa no chão da adega. Em seguida, pensei em atirá-lo ao poço do quintal. Mudei de idéia e decidi metê-lo num caixote, como se fosse uma mercadoria, na forma habitual, fazendo com que um carregador o retirasse da casa. Finalmente, tive uma idéia que me pareceu muito mais prática: resolvi emparedá-lo na adega, como faziam os monges da Idade Média com as suas vítimas.
Aquela adega se prestava muito bem para tal propósito. As paredes não haviam sido construídas com muito cuidado e, pouco antes, haviam sido cobertas, em toda a sua extensão, com um reboco que a umidade impedira de endurecer. Ademais, havia uma saliência numa das paredes, produzida por alguma chaminé ou lareira, que fora tapada para que se assemelhasse ao resto da adega. Não duvidei de que poderia facilmente retirar os tijolos naquele lugar, introduzir o corpo e recolocá-los do mesmo modo, sem que nenhum olhar pudesse descobrir nada que despertasse suspeita. E não me enganei em meus cálculos. Por meio de uma alavanca, desloquei facilmente os tijolos e tendo depositado o corpo, com cuidado, de encontro à parede interior. Segurei-o nessa posição, até poder recolocar, sem grande esforço, os tijolos em seu lugar, tal como estavam anteriormente. Arranjei cimento, cal e areia e, com toda a precaução possível, preparei uma argamassa que não se podia distinguir da anterior, cobrindo com ela, escrupulosamente, a nova parede. Ao terminar, senti-me satisfeito, pois tudo correra bem. A parede não apresentava o menor sinal de ter sido rebocada. Limpei o chão com o maior cuidado e, lançando o olhar em tomo, disse, de mim para comigo: "Pelo menos aqui, o meu trabalho não foi em vão".
O passo seguinte foi procurar o animal que havia sido a causa de tão grande desgraça, pois resolvera, finalmente, matá-lo. Se, naquele momento, tivesse podido encontrá-lo, não haveria dúvida quanto à sua sorte: mas parece que o esperto animal se alarmara ante a violência de minha cólera, e procurava não aparecer diante de mim enquanto me encontrasse naquele estado de espírito. Impossível descrever ou imaginar o profundo e abençoado alívio que me causava a ausência de tão detestável felino. Não apareceu também durante a noite _ e, assim, pela primeira vez, desde sua entrada em casa, consegui dormir tranqüila e profundamente. Sim, dormi mesmo com o peso daquele assassínio sobre a minha alma.
Transcorreram o segundo e o terceiro dia _ e o meu algoz não apareceu. Pude respirar, novamente, como homem livre. O monstro, aterrorizado fugira para sempre de casa. Não tomaria a vê-lo! Minha felicidade era infinita! A culpa de minha tenebrosa ação pouco me inquietava. Foram feitas algumas investigações, mas respondi prontamente a todas as perguntas. Procedeu-se, também, a uma vistoria em minha casa, mas, naturalmente, nada podia ser descoberto. Eu considerava já como coisa certa a minha felicidade futura.
No quarto dia após o assassinato, uma caravana policial chegou, inesperadamente, a casa, e realizou, de novo, rigorosa investigação. Seguro, no entanto, de que ninguém descobriria jamais o lugar em que eu ocultara o cadáver, não experimentei a menor perturbação. Os policiais pediram-me que os acompanhasse em sua busca. Não deixaram de esquadrinhar um canto sequer da casa. Por fim, pela terceira ou quarta vez, desceram novamente ao porão. Não me alterei o mínimo que fosse. Meu coração batia calmamente, como o de um inocente. Andei por todo o porão, de ponta a ponta. Com os braços cruzados sobre o peito, caminhava, calmamente, de um lado para outro. A polícia estava inteiramente satisfeita e preparava-se para sair. O júbilo que me inundava o coração era forte demais para que pudesse contê-lo. Ardia de desejo de dizer uma palavra, uma única palavra, à guisa de triunfo, e também para tomar duplamente evidente a minha inocência.
_ Senhores _ disse, por fim, quando os policiais já subiam a escada _ , é para mim motivo de grande satisfação haver desfeito qualquer suspeita. Desejo a todos os senhores ótima saúde e um pouco mais de cortesia. Diga-se de passagem, senhores, que esta é uma casa muito bem construída... (Quase não sabia o que dizia, em meu insopitável desejo de falar com naturalidade.) Poderia, mesmo, dizer que é uma casa excelentemente construída. Estas paredes _ os senhores já se vão? _ , estas paredes são de grande solidez.
Nessa altura, movido por pura e frenética fanfarronada, bati com força, com a bengala que tinha na mão, justamente na parte da parede atrás da qual se achava o corpo da esposa de meu coração.
Que Deus me guarde e livre das garras de Satanás! Mal o eco das batidas mergulhou no silêncio, uma voz me respondeu do fundo da tumba, primeiro com um choro entrecortado e abafado, como os soluços de uma criança; depois, de repente, com um grito prolongado, estridente, contínuo, completamente anormal e inumano. Um uivo, um grito agudo, metade de horror, metade de triunfo, como somente poderia ter surgido do inferno, da garganta dos condenados, em sua agonia, e dos demônios exultantes com a sua condenação.
Quanto aos meus pensamentos, é loucura falar. Sentindo-me desfalecer, cambaleei até à parede oposta. Durante um instante, o grupo de policiais deteve-se na escada, imobilizado pelo terror. Decorrido um momento, doze braços vigorosos atacaram a parede, que caiu por terra. O cadáver, já em adiantado estado de decomposição, e coberto de sangue coagulado, apareceu, ereto, aos olhos dos presentes.
Sobre sua cabeça, com a boca vermelha dilatada e o único olho chamejante, achava-se pousado o animal odioso, cuja astúcia me levou ao assassínio e cuja voz reveladora me entregava ao carrasco. Eu havia emparedado o monstro dentro da tumba!
Edgar Allan Poe.In: Histórias Extraordinárias.

terça-feira, 22 de abril de 2008




Ainda na onda das sem calcinha .....

A mais nova maior de idade americana, Emma Watson, protagonista da amiguinha de Harry Potter anda causando polêmica.

A menina foi flagrada com uma calcinha transparente saindo de um carro à poucos dias.
Os paparazzi não perdoaram, aproveitando, é claro, o descuido da atriz.

E pra quem disse que a bruxinha não tinha poderes fora das telonas, se enganou ao ver que ela ainda consegue fazer a vassoura de muita gente subir.

Britney Spears que se cuide ...

Você vai pro baile sem calcinha ?

Pesquisa comprova que 82% dos homens, frequentadores de bailes funk , não usam calcinha.

Já para as mulheres, à nivel de nudez explícita, a porcentagem se acentua de maneira alarmante. 97% das mulheres que frequentam bailes, NÃO usam calcinha.

A A.C.U.A.D.A. ( Associação de Conhecimento Universitário Almirante Douglas Amaral ) entrevistou 12.032 voluntários e ouviu dos mesmos, as mais diferentes repostas, opiniões e motivos, para a dispensa da vestimenta. Vejam a seguir alguns exemplos:

(Greice kelly) "Ih mermão n uso mermo ..bem melhor assim . Ia usar cá di quê ? "

(Wellington) "Tá ligado que aqui os irmão tudo fortalece ..ninguém gasta ninguém não ..ãhh tá vendo ."

(Jú boladona) "Eu vô pro baile sem calcinha !! uhuull..agora eu sô piranha e ninguém vai me segurar .."

Diante desta reportagem jornalistica devéras competente, podemos tirar muitas conclusões. Uma delas, é de que a socieadade em geral tende a regressão.

Veja a seguir um trecho da carta que Pero Vaz de Caminha escreve ao rei contando sobre os habitantes desta terra nossa.

A CARTA:

[...]Pardos, nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Nem fazem mais caso de encobrir ou deixa de encobrir suas vergonhas do que de mostrar a cara. Acerca disso são de grande inocência. Ambos traziam o beiço de baixo furado e metido nele um osso verdadeiro, de comprimento de uma mão travessa, e da grossura de um fuso de algodão, agudo na ponta como um furador. Metem-nos pela parte de dentro do beiço; ea parte que lhes fica entre o beiço e os dentes é feita a modo de roque de xadrez. E trazem-no ali encaixado de sorte que não os magoa, nem lhes põe estorvo no falar, nem no comer e beber.[...]

"/

sábado, 19 de abril de 2008

Trabalhando no dia seguinte ...

(marazzo) Bom dia ..

(thiago ) Q foi cara tá bolado ?

(marazzo) nem cara , só estou um pouco cansado ..

( Thiago ) Arrumou oq ontem ?

(marazzo) Fui pra lapa curtir um show ..nem dormi cara vim direto pra cá.

(Thiago) haha serio ? tá fudido ..vai embora pra casa cara, é melhor ..

(marazzo) relaxa cara ..eu to legal ..

(thiago ) po ..vc é quem sabe .

[alguns segundos depois, um grande barulho]

(douglas) que barulho foi esse thiago ??

(thiago ) hahahaha o mlk caiu aqui no chão e derrubou tudo ..

[talvez devesse mesmo ter voltado pra casa "/ ]

Ver esse gordinho pulando me fez ganhar a noite .^^

Cachorro Grande - Circo Voador

"[...]os maiores rockeiros estão reunidos aqui esta noite!! "

Farei aqui apenas um breve comentário a respeito do show de ontem .
Simplismente foda !
Foda por diversos aspectos.
Consegui o melhor lugar pra assistir os caras, com espaço pra pular e visão ampla da porra toda. (Circo Voador, sempre bom ...)
Encontrei por lá alguns bons e velhos amigos, pra dizer a verdade isso já está virando rotina ..hahahaha

Pra quem não curte a muito a banda, deveria ter ido ao show. Os caras tem presença de palco e são muito divertidos, o suficiente pra fazer qualquer um pensar duas vezes antes de criticar a bandinha gaúcha, do vocal gordinho hehehe ..

Banda de abertura .."Os Outros" ehh.... foi médio. Poderia ter sido melhor .

Sexta de Lapa chuvosa ..um rockão no melhor estilo sulista ..e boa compahia .
Eh isso que a vida tem de melhor .

quarta-feira, 16 de abril de 2008



Alberto Mosquito da Dengue

Idade: 12 dias

Profissão :Desempregado

Estado civil : Solteiro

Comentário :"... Só quero ser feliz e viver em paz ."

Alberto Mosquito da Dengue

Pô, pessoal..postei pq pediram ."/

Senhoras e senhores .

O primeiro post do flog não poderia ser sobre coisa diferente : A dengue .

Mas nós, da equipe Contos da Vovó , elevaremos essa postagem à um nível superior.
Estamos cansados de ouvir falar em matar o mosquito, nós estamos cansados de ouvir comerciais que obrigam nossas crianças a deixarem a tampa do vaso abaixada e colocar areia em suas plantinhas. Nós aqui, estamos cansados de ouvir dizer que o mosquito está vencendo a guerra. Não há guerra! O mosquito é uma vítima, assim como nós, bípedes acomodados. O mosquito está doente, está infectado e está sofrendo!
Hoje faremos algo inusitado. Hoje, o Contos da Vovó traz para vocês uma entrevista, séria e assás relevante à nível de reportagem jornalística.
Hoje vocês verão o outro lado da história.

Com vocês o Sr. Alberto Mosquito Da Dengue. (vulgo mosquito da dengue.)

(Vovó) Sr. Alberto, é um prazer recebê-lo aqui esta noite.

(Mosquito) Obrigado vovó, eu é que agradeço a oportunidade.

(Mosquito)Perai..que cheiro é esse ?? Porra, tu tá usando repelente ??!!

(Vovó) Calma Sr. Alberto é só por precaução ..vamos continuar, ok ?

(Mosquito) Vacilo hein..Mas tudo bem vamos lá .

(Vovó) Vamos começar a entrevista com uma pergunta um tanto polêmica. Mosquito, como o senhor se sente ao matar tantos inocentes ?

(Mosquito) Olha vovó, ninguém gosta de ser chamado de assasino, sabe, eu e minha familia estamos arrependidos disso, mas não temos outra escolha, temos que nos alimentar.

(Vovó) Entendo, é a lei da sobrevivência.

(Mosquito) Claro..não é nossa culpa..não fazemos por mal.

(Vovó) Sr. Alberto, como o senhor e sua familia estão vivendo nessa época de tamanho caos?

(Mosquito) olha ..nós estamos com medo ..tá todo mundo doido atrás da gente ..querendo nos matar..n podemos descansar um minuto que vem alguém com chinelo, pano, chutes...até com urina já tentaram me acertar !

(Vovó) O sr. deve mesmo estar muito tenso. Como está fazendo para sobreviver a esses ataques ?

(Mosquito) A gente faz oq pode neh vovó ..fica no escuro, escondido em baixo da cama. Mas as vezes nem isso é o suficiente . Minha esposa por exemplo faleceu dias atrás, vítima de um garoto mal intencionado ......chega ...chega ..não quero mais comentar sobre isso .

(Vovó) Bem senhoras e senhores, essa é sem dúvida uma grande dificuldade para nosso entrevistado. O contos da vovó vai ficando por aqui, agradecendo mais um vez a presença do senhor Alberto .

(Mosquito) Tudo bem ..eu que agradeço e peço desculpas ..mas a emoção é grande .( =[ )

(Vovó) Tudo bem ..Bom pessoal, por hoje é só. Fiquem ligados, pois na semana que vem ..entraremos de cabeça no mundo das pessoas que se arranham feito gato . Até lá.