quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O rato

Me parece que o bom rato
Não entende o simples fato
De que ir atrás de um gato
É ausência de noção

Mas eu soube que o tal rato
Aquele sempre atrás do gato
Pensa nisso como um ato
De perfeita intuição

Mas pergunto pro tal rato
Se ele é louco ou fez teatro
Se é capaz de ver num gato
Algum viés de compaixão

E ele me responde brando
Sem cautela, revelando
Como se eu fosse o cego
E ele o tato, me guiando

O gato preto é majestoso
É terrível, poderoso
Um gigante impiedoso
Seu desejo é devorar

É veloz e inteligente
Tão esperto quanto a gente
É capaz de ser valente
Mesmo estando a perigar

Mas o gato tem fraqueza
Disso pode ter certeza
Pois quando ele sobe à mesa
Vem um homem lhe tirar

E se o homem é tão mais forte
Esse gato então tem sorte
Por alguém de grande porte
Não querer lhe devorar


É essa, então, a teoria
Que o tal rato repetia
Na qual diz que a hierarquia
Serve mesmo é pra enganar

Foi por tal que o grande gato,
Quase aluno de internato,
Descobriu que o ser mais forte
Nunca mata o ser mais fraco

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O rato, de Caio Marazzo.

4 comentários:

Unknown disse...

caralho, escreveu poesia

é um viadinho mesmo

Leo disse...

O gato em questão é o do Edgar?

Eduardo Marazzo disse...

O gato é uma metáfora.

Eduardo Marazzo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.